Pause... play!

Quando se fala em menopausa, fala-se quase sempre em perda. Perdas biológicas, fisiológicas e mesmo psicológicas. A biologia das hormonas tem um decréscimo de acção e reação. A fisiologia do corpo sucumbe à pressão de forças externas e internas. E a psicologia da mente espirala em renúncias pessoais e depressões vorazes sem causas aparentes ou sequer concretas. 

Mas isto é para quem quer ver o copo meio vazio. Porque, apesar de cada vez mais vivermos acima da “pausa”, seja dela ou dele, estamos também a aprender a perceber que a vida continua. E tem de continuar. Daí ser uma pausa e não um ponto final.
Cientificamente, para sermos claros, o que acontece nessa fase da vida é nitidamente um decréscimo da produção e assimilação hormonal que pode causar distúrbios vários. Mas essas lacunas têm inúmeras formas de serem superadas. Porque quando o desejo perde a força, o sonho deve mesmo comandar a vida.
A imaginação é a melhor forma de fugir à resignação. Ao imaginarmos novas formas de prazer, não ficamos sujeitos apenas ao que a vida nos oferece. Desafiarmo-nos sozinhos ou com alguém próximo, obriga-nos a perceber que há muita coisa para desfrutar.
O amor, a amizade, a alegria e a intimidade são como “hormonas externas” a que o corpo reage, se se permitir a isso, seja em que altura da vida for. E manter essas chamas acesas é tão fundamental como respirar. Porque aceitar que o copo está meio vazio é muito fácil, basta desistir. Agora, desfrutar do copo meio cheio é só para os audazes que anseiam viver a vida até à última gota.
E quando o que está dentro de nós começa a não reagir por si só, estes são alguns dos incentivos que podem reacender a predisposição para o prazer:

– Viaje – saia do seu habitat habitual e procure outros contextos. seja longe ou perto, num país diferente ou no hotel ao lado de casa, o que interessa é que por uma noite ou duas não volte para a sua rotina. Saia da sua zona de conforto para que nem tenha de se preocupar em não fazer barulho por causa dos vizinhos.

– Dance – agite o corpo e liberte-o de todas as tensões e restrições. Na pista de dança ou no meio de um descampado, deixe a música fazer por si aquilo que o silêncio não permite.

– Medite – a outra opção é abraçar esse silêncio. Relaxe, volte todos os sentidos para dentro de si e sinta-se a cada centímetro. Fale com o seu corpo, oiça-o e perceba-o melhor que ninguém.

– Coma – um jantar romântico fora de casa abre o apetite para uma noite onde o pensamento seguinte não é quem lava a loiça. Arranje-se para sair e delicie-se com uma refeição diferente, num espaço diferente e quem sabe a palavra “afrodisíaco” passe a fazer parte da sua vida.

– Brinque – quando o habitual se torna monótono, é normal que a falta de novidades deixe tudo como está. E quando por dentro a ignição já não se dá tão automaticamente, uma boa ideia é a integração de um novo elemento na brincadeira. E claro que não tem de ser necessariamente outra pessoa. Pesquisar e experimentar brinquedos sexuais, sozinha ou acompanhada, para apimentar os seus momentos de prazer, serve para estimular a imaginação, testar as reacções do seu corpo e talver criar novas apetências e apetites.

– Leia – um bom romance, e quanto mais picante melhor.

– veja – um filme excitante, sozinha ou acompanhada, e vai ver que por vezes uma imagem vale mesmo mil palavras

Há inúmeros exemplos de pessoas que ultrapassam a menopausa e até que passaram a sentir-se ainda mais predispostas para o prazer após essa fase porque adoptaram um estilo de vida que compensou as condicionantes da natureza, seja porque descobriram novas formas de se estimularem, ou apenas porque finalmente os filhos saíram de casa e os pais voltaram a ter tempo para se dedicarem exclusivamente um ao outro. Por isso, há cada vez mais pessoas sexualmente activas e exigentes com o seu prazer, a descobrirem novas formas de o obter e de o desfrutar, sem limites de idades e ultrapassando todas as fases da vida como os estimulantes desafios que elas devem ser.

In “mulhermusa.com” (2016)