Realizada em Agosto de 2016, a minha primeira curta-metragem profissional foi um desafio necessário e urgente. Depois de quase 3 anos a realizar vídeos semanalmente, senti uma necessidade inabalável de criar uma história erótica com princípio meio e fim. Com argumento, actores e técnicos experientes em produção cinematográfica. Era imperativo dar esse passo qualitativo para perceber as minhas capacidades e fragilidades na criação de algo que seria determinante para o meu futuro. E dei-o. Com todas as dúvidas e pouca certezas, criei uma obra da qual me orgulho muito, não pela obra em si, mas pela oportunidade que me deu em partilhar o meu sonho com pessoas extraordinárias. 

 

Poster oficial do filme
Fotografia: ©S!MAS
Design: ©Sonda Desing

Mas para um melhor retrato do que se passou, reproduzo um texto que escrevi no último dia de gravações:

”It’s a wrap!”. São 6 da manhã do terceiro dia do resto da minha vida. Não houve uma noite (ou dia) em que tivesse dormido mais de quatro horas, e agora que tudo acabou, que preciso de descansar, que a cama clama por mim como um doce paraíso na polinésia francesa, sinto uma euforia que não me deixa desligar o cérebro. Apesar de, há muitos anos atrás, ter sido um dos fundadores do movimento artístico “Dementista”, nunca uma loucura me levou tanto ao limite como esta. Fazer uma curta-metragem, de cariz erótico, sem ter à partida bagagem académica, material, equipa ou grande orçamento, sem grande organização ou planeamento, e a aprender quase tudo a cada momento, nada fazia prever que fosse ter o resultado que teve. E a euforia que sinto deveu-se sobretudo aos três pilares principais que sustentaram o caos desta minha aventura. Primeiro, a Susana Vitorino. O guião que desenvolveu a partir da ideia que lhe apresentei deu não só uma visão feminina da história mas acima de tudo uma visão simbólica e subliminar com todas a nuances que tornam um conto erótico numa experiência hiper-sensorial. Para além disso, o seu magnífico trabalho enquanto directora (e amplificadora) de actores levou as performances a níveis surpreendentes de interpretação e entrega, o que tornou todo o trabalho muito mais intenso e desafiante; segundo, o Lee Fuzeta. era imperativo para uma primeira experiência cinematográfica ter um director de fotografia que não tivesse medo. Medo de entrar na montanha-russa que é criar um universo em três dias sem perder a qualidade da beleza das imagens que se procuravam construir. Sem medo de seguir a rota apesar do mar bravo e fascinar-se pelas ondas; e terceiro, a Mariana Santos. Tão maluca quanto eu, aceitou ser a minha bússola. Sem ela ainda eu andaria sem rumo nesta aventura. Foi o apoio incondicional que eu precisava só para conseguir pôr as ideias em prática. Foi o braço direito, esquerdo, pernas, tronco e afins para eu conseguir realizar o que quer que fosse. E a estas três pessoas, acima de tudo, quero mostrar a minha imensa gratidão neste momento de euforia e falta de sono.
Mas estas três pessoas foram só o começo. Sem os talentos da conceptualista extraordinaire Lia Freitas no guarda-roupa, da hiper detalhista Inês Pais na maquilhagem, dos talentos da Elisabete Leite e da Susana Correia nos cabelos, da super eficiência do Tiago Romão no som e do Guilherme na luz e operação de câmara, nada disto teria sido possível. Na pós-produção, o conhecimento musical e a criatividade da Leonor Matos ainda possibilitou a concepção de uma música original para uma das cenas mais fortes do filme (a do quarto), e os genéricos iniciais e finais ficaram a cargo do artista visual Daniel Rondulha.
Mas as verdadeiras surpresas vieram do elenco. Confesso que era o meu maior medo, acima de tudo porque sempre pensei que não iria ter ninguém a candidatar-se para um casting de um projecto deste género. Mas, como sempre, as mulheres do norte deram o exemplo e tive a tremenda sorte de encontrar uma protagonista tal como eu a tinha idealizado. A inacreditável Célia Teixeira deixou toda a gente de boca escancarada com a sua tremenda beleza e talento, assim como a sua disponibilidade para ir sempre mais além, num desafio constante dos seus limites, algo que só poderá significar muito sucesso neste seu começo de carreira. Outra surpresa, e também uma mulher do norte, foi a Joana Ji Antunes, uma potente actriz que consegue dominar qualquer cena só com o olhar… e como eu adoro esses pormenores. Por outro lado, foi impossível ficar indiferente à majestosa Ana Simões, seja pela sua presença, voz ou gargalhada épica. E para compor toda esta fantasia tornada realidade, a Catarina Veloso e a Mariana Portocarrero transformaram-se em verdadeiras ninfas e conseguiram construir uma cumplicidade e uma energia que deixaram o set todo em ebulição. Por seu lado, o homens Gonçalo Lello, Ruben Dias e Carlos Paca conseguiram construir três personagens masculinas simplesmente icónicas.
E para terminar, o maior agradecimento vai sem dúvida para o produtor Ricardo Faria, a pessoa que acreditou neste projecto ao ponto de a financiar e permitir que todas as pessoas envolvidas fossem recompensadas pelo seu trabalho.
Aqui fica o meu agradecimento profundo a todos os que ajudaram a criar a incrível matéria-prima com a qual tentarei esculpir algo de realmente valioso para todos. No pressure…”

Rui Simas, 22 Agosto de 2016

Foi sem dúvida uma experiência inesquecível, para a qual convidei também os fotógrafos Sam Andrés e Joana Viana, que fizeram estes magníficos registos:

 

Nos dois anos que se seguiram, “A Debutante” percorreu o mundo para se mostrar em todos os festivais possíveis e conseguiu obter os seguintes resultados:

 

Reel Erotic Art Film Festival (Newfoundland, Canada) Official Selection – 5 Dezembro 2017

SECS FEST (Seatle, EUA) Official Selection – *Sessão de Abertura do Festival* – 14 Julho 2017

Bucharest ShortCut CineFest (Bucharest, Romania) Official Selection – 30 Abril 2017

ShortCutz (Lisboa, Portugal) – Edição #277 – Convidado Especial – 18 Abril 2017

Miami Independent Film Festival (Miami, EUA)Official Selection – 4 Abril 2017

 

E finalmente, depois da sua secreta estreia numa pequena sala em Lisboa no dia 23 de Outubro de 2016, pode agora finalmente ser mostrada a todos os curiosos que a queiram ver:

Para que seja sempre um prazer